Meus olhos estavam angustiados. Observavam a menor reação. Esperavam alguma palavra. Queriam ver palavras que saíssem dos lábios daquela pessoa. Contudo o silêncio era audível de tão intenso.
Lágrimas rolaram pois palavras não havia. Não tinha uma explicação ou justificativa ao menos. Somente a ausência de palavras. A ausência que nos últimos meses fora minha companheira e amiga, acalentando-me com seu vazio.
Havia algo errado. Algo muito errado, mas não sabia exatamente o quê. Havia alguém, outros alguéns até. Melhor seria que fossem vários, mas era um alguém. Alguém que me tirou tudo. Nada tinha mais importância e sentido. Eu estava ali e somente queria uma resposta ou explicação e não vinha.
Não tive forças para brigar, gritar nem exasperar. As lágrimas secaram com o vento que chicoteava meu rosto. Atrás de mim deixei a minha vida e segui para meu destino ausente de mim. 2/8/8
2 comentários:
É provável que esse relato tenha sido uma experiência real minha ou de terceiros. Mas consigo ver ali a repetição do divórcio de meus pais. "Alguém" partiu o meu lar em dois... Essa ruptura foi o padrão que busquei repetir durante toda minha vida. O padrão da ruptura, sem permitir que os ciclos dos relacionamentos se completassem. Com o João o ciclo se completou. Acredito que o padrão foi rompido. Tenho buscado a linearidade, permitir que o fatos de sucedam através do tempo. Estou no tempo, e nele quero continuar, una, completa, presente, consciente de mim e daquilo que está a minha volta.
"Tinha tanto carinho para te dar. Senti sua falta do meu lado. Beijos, bom dia."
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