sábado, 26 de julho de 2008

Manipular

Quando é fácil manipular
E brincar com os sentimentos de outros
E provocar sentimentos e reações
Catalisar emoções
Sem com nada se preocupar

O mundo se torna o parque
Onde se pode brincar

Na roda gigante da vida
Exato se sabe o seu lugar
Em cima no alto olhando avante,
Se ali for melhor para estar

Pois caso se queira ir para cima ou para baixo,
Todas as coisas podem mudar
Basta a vontade querer
O desejo determinar

Isso é fácil, muito fácil
Muito fácil manipular
Para isso não é sequer necessário saber pensar
Apenas acredite que no mundo se pode mandar
Que o mundo às suas vontades esta sujeito
Isto, sem sequer, ele se questionar

E assim sempre será muito
Muito muito
Sempre muito fácil
Ao mundo controlar

A Lua era Ela

Ela brilhava branca e tácita
Áurea dourando á fundo azul
Sua alma resplandecia
Corpo estava nu

De longe a olhava
Vislumbrava sua vida
Vivida por muitos

Não tinha fome
Dirá sede
Diria necessidade qualquer

Não era anjo
Não era deusa
Simplesmente

À mulher

SEM CRIATIVIDADE

Por que alguém escreve?

Escreve por que precisa
Ou por querer?
Porque deseja saciar sua necessidade.

Escreve para ser conhecido
Ou para se conhecer?
Porque se conhecendo se dá melhor aos outros a perceber.

Para se revelar
Ou proteger?
Porque se revelando melhor possibilidade tem de se esconder.

Como se dá o ato de escrever?

Mera criação
Ou exemplo de poder?
Poder de criar e fazer outros enxergarem aquilo que não conseguem ver.

Ato de amor
Ou de prazer?
Prazer gerado no amor de criar uma realidade para ser vista,
Conseguindo assim revelação
Protegendo aquilo que quer
Somente para si ter.
QUERIA PODER FUGIR
MAS NÃO CONSEGUIRIA
TODAS AS PORTAS TINHAM SE FECHADO
POUCAS OPÇÕES LHE RESTAVAM

NÃO TINHA NADA A DIZER
ERA VERDADE QUE TINHA MUITO PARA DIZER
MAS NÃO QUERIA
QUERIA ESCONDER AS VERDADES
QUE HÁ MUITO JÁ SE DESCOBRIRA

OUVIU A VOZ LHE CHAMAR
OUVIU A VOZ DA RAZÃO
QUERIA DEIXAR DE SONHAR
QUERIA TER OS PÉS NO CHÃO

MAS NÃO TINHA VONTADE DISSO
NÃO SABIA COMO FAZER
A VIDA LHE DEU UM DESAFIO
OU ERA GANHAR OU ERA MORRER

ESTAVA REFLEXIVO NÃO SABIA COMO AGIR
ODIAVA TUDO QUE NÃO ENTENDIA
ODIAVA QUANDO NÃO PREVIA O PORVIR

ESSE DESEJO DE CONTROLE
SEMPRE MUITO LHE ATRAPALHOU
NÃO QUERIA VIVER MAIS ASSIM
ENTÃO UM BELO DIA SE LIBERTOU

O Céu de Cássia

Quando Cássia abriu os olhos não acreditou. Estava lá, estava no céu. Viu tudo como sempre imaginou. E ficou orgulhosa de si, pois estava ali por ter sido uma boa pessoa sua vida inteira.
Havia gente, muita gente, inclusive aquelas que ela conheceu na sua vida na Terra. Contudo entre a multidão havia pessoas que tinham sido más na Terra. Ela não entendeu. Foi perguntar para Deus. Ele a tinha cumprimentado assim que ela acordou.
Cássia perguntou para Deus porque as pessoas más estavam no céu. Deus disse-lhe que não havia pessoa boa ou má no mundo. E que todos eram iguais sob seu julgamento. Por isso todos estavam ali. Também confidenciou que essa história de bem ou mal foi invenção do homem para distinguir-se uns dos outros, hierarquizando valores e retribuindo isso conforme a lógica da invenção.
Aquela senhora ficou pasma. Arregalou os olhos num misto de decepção e incredulidade. Não era possível, ela pensou, tinha feito tudo tão certo, tão bom e adequado em todos os momentos e agora se via ali junto daqueles que não tinham sido “bons” também. Não aceitou. Olhou para Deus com ar de repreensão. Não era possível que Deus fosse assim. Idéia absurda, resmungou em bom som. Retirou-se. Ficou triste. A partir dali sua vida no céu se transformara num inferno.

FORÇA

SÃO FORTES SUA EXPRESSÃO
SUA VOZ
SUA BELEZA
SUA RAZÃO

É FRACA SUA EMOÇÃO

SÃO FORTES SEU TOCAR
SEU DIZER
SEU COMENTAR
SEU OLHAR

E É FRACO SEU CORAÇÃO

É FORTE AO CORRER
AO ANDAR
AO SORRIR
E ABRAÇAR

MAS É FRACA NA SOLIDÃO

É FORTE PARA SABER
PARA AJUDAR
PARA OUVIR
PARA FALAR

MAS É FRACA POR TEMER AMAR

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Se ela sorrisse
Diria dela: é fácil
Mas como fica séria: metida
Se ela dançasse bem: piranha
Se não soubesse dançar: esquisita
Mas ela dança bem e não é piranha
O que dizer dela
Ela não é séria, mas é metida
Metida por que pode ser, é linda
Mas isso eu não digo dela
Por que se ela toca enquanto fala comigo
Está me dando mole
Mas quando fala comigo me dando as costas
Sinto-me preterido
Mas ela sorri, olha nos meus olhos e me toca
Não está me dando mole
Mas por ela me sinto querido
Então o que fazer desta mulher?
A única coisa que sei é
Ela mexe muito comigo
Mesmo se não me olha
Se não me toca
Ou sequer me ver
Sinto-a dentro de mim
Coisa estranha
Como pode isso ser?
Não faço idéia
Não quero tal mulher entender
Antes fosse vulgar, piranha e
Safada
Seria assim fácil
Ela eu esquecer
Como não é por aí
Fico sem entender
E por toda minha aflição
Passo sobre ela a escrever.

domingo, 6 de julho de 2008

"Vou te fazer uma confissão: estou um pouco assustada. É que não sei aonde me levará esta minha liberdade. Não é arbitrária nem libertina. Mas estou solta." (Água Viva / Clarice Lispector)

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Minhas Divagações
Meus textos
em linhas e frases desconexas

Não sei o que querem dizer
Realmente não sei
Não sei se dizem a verdade
Ou mentira

Dizem a mescla das duas
Na projeção da realidade
que é enxergada parcialmente
por uma única vida

As divagações são traços,
flexas de luz nas brechas
da nuvem escura
do mistério da própria vida

As letras
A palavra
As frases

Refúgio dos que fogem
Refugo para os que se guardam
Mas na verdade é um baú que
revela segredos profundos de alma

A vergonha
O medo
A dor
A inocência
O desamparo
A luta
A vingança
O ódio
O amor
A amizade
A mediocridade
A mesmice
A alegria
Felicidade

Revela aquilo que queremos
revelar, mas não sabemos como

Meio de comunicação eficaz para os tímidos
Quando falar de si é o maior desafio
Quando se deixar tocar é extremamente desconcertante
E a realidade parece uma selva que a qualquer momento
poderá te engolir

...
Ela tinha o hábito de escrever
Escrevia sobre ela como se fosse outra pessoa
Falava da sua e dos seus medos
Mas sem deixar escapar nas frases
Que era de si que falava

Ela escrevia seus anseios e desejos
Suas frustrações, sonhos e realizações

Relatava do seu modo peculiar de enxergar
a vida
Colorida, rosa e envolta em densas trevas

Sempre pulando do leste para o oste
de Yin para Yang
do 8 para o 80

Sua meta de vida era equilibrar-se
Ser equilibrada em suas escolhas e decisões
Assim como em seu modo de viver e ver a vida

Já tinha percorrido um trajeto longo
Mas nada buscava
Nada queria
Não tinha para onde ir

Mas agora, já há algum tempo
Muita coisa estava diferente
Sonhava
Projetava
E lutava esperando vitória
sabendo para onde ir

Tinha um desafio a superar
Aprender a viver no mundo
real
Com pessoas reais
Abrindo mão de suas idealizações
e projeções infantis

Já tinha crescido, mas tinho mais a crescer
Muito a ouvir e a dizer
Muito a conquistar e compartilhar

Estava ansiosa e por isso escrevia
Escrevia sua história como se fosse
de uma outra pessoa
Assim ninguém saberia dos pormenores
de sua vida.
Ela era a existência
Flutuava entre santa e louca
Não sabia ser
Tinha medo de quem era
Medo de sua força

Era Lóri, personagem de Clarice Lispector
Era sim, uma Lóri
Não sabia existir senão pelo medo ou através
da dor
Isso lhe era comum
Fácil e cômodo

Não queria arriscar o diferente
então era a flutuação
entre a idiotice e a genialidade
Não sabia onde ficar, então
revezava entre os dois

Tinha medo de ir ao shopping sozinha
e medo de multidões
Medo do olhar das pessoas, medo de encará-las
E também tinha medo de comprar pão
sozinha de manhã

Ela era inteligentíssima mas fenomenalmente
boçal ao mesmo tempo
Tinha um humor genial
e tinha umas tiradas de surfista loiro

Um de seus maiores dilemas era ser uma mulher
Não gostava de ser mulher
Ser mulher na concepção dela era ser complicada demais
Realmente ela era
Mas não somente isso

Ser mulher lhe era sinônimo de fraqueza
e submissão obrigatórios
E se revoltava quanto a isso
Infelizmente a repressão não vinha de fora
Era de dentro dela que surgia
Isso tornou a luta mais intensa

Além de tudo sabia de seu grande desafio:
nascera no século XX, vivendo na sociedade
pós-moderna do século XXI com a mentalidade de mulher
do século retrasado!

Pior que Lóri, que deixou Ulisses lhe ensinar a viver através do prazer...
Essa clone de Lória não deixa um ser se aproximar dela. Tem medo de ser influenciada. Medo de transformar-se. É uma medrosa ao extremo!