segunda-feira, 19 de maio de 2014

Engasgado na garganta

A forma como a sociedade está estruturada. Como as relações homem e mulher foram configuradas ao longo da história, esse paradigma insípido chega a ser nojento. Nós mulheres somos ensinadas a reproduzi-lo caso queiramos aumentar as chances de ter um relacionamento estável... Respeito esses relacionamentos. Não vou dizer que são de merda, porque realmente não acho que sejam. Mas choramingar atenção? Interpretar submissão? Ocupar o lugar da mãe ausente, personificar o complexo de édipo? Mimar como se fosse um bebê, e me fazer de submissa e fragilizada "vou te esperar". Acho que não. Optei andar na contramão. Tenho liberdade sim. Faço o que eu quero sim. Estou me projetando para além de falácia manipuladora. Manipulação amadora? Por favor, Não. Comigo não. Não posso fingir que não vejo. Fazer o velho jogo feminino, cobra cega, finge que não e quando o outro percebe, já está amarrado até o pescoço. Sim, a sociedade iria me valorizar por isso, por manter o status quo. Daria título de honra "mulher de verdade", "mulher sábia", "mulher pra casar". Não sou, nem quero ser, nem quero ser identificada como "mulher pra casar". Mulher que é mulher é, simplesmente e sobretudo, mulher. Mulher da libido, do amor também, mulher quem tem pai, mãe e um chimpanzé de estimação, que rir e chora. Que dá o dedo do meio, que grita feliz ou com raiva. Que bebe, que dança e rebola até o chão. Liberdade para os homens. Fogão, filhos, castidade e submissão para a mulher? Nâo. Não. Não. Não se engane. Não engano ninguém. O respeito e valor que recebo é aquele que dou. Se engana o homem que acha que somente eles separam sexo e relacionamento. Podemos muito bem, sendo escrotas como homens não por copia-los simplesmente mas porque essa é uma tentação para qualquer gênero, distinguir o homem do sexo do homem para andar do nosso lado e apresentar pra nossa família. Cuidado. Essa linha é muito tênue. Qualquer deslize pode tirar você de um lado e projetar no outro. Quem quer amor e respeito, seja homem ou mulher, precisa saber oferecer. Independentemente do gênero. E se mulher tem que se dar o valor, por que o homem não?