Ela era a existência
Flutuava entre santa e louca
Não sabia ser
Tinha medo de quem era
Medo de sua força
Era Lóri, personagem de Clarice Lispector
Era sim, uma Lóri
Não sabia existir senão pelo medo ou através
da dor
Isso lhe era comum
Fácil e cômodo
Não queria arriscar o diferente
então era a flutuação
entre a idiotice e a genialidade
Não sabia onde ficar, então
revezava entre os dois
Tinha medo de ir ao shopping sozinha
e medo de multidões
Medo do olhar das pessoas, medo de encará-las
E também tinha medo de comprar pão
sozinha de manhã
Ela era inteligentíssima mas fenomenalmente
boçal ao mesmo tempo
Tinha um humor genial
e tinha umas tiradas de surfista loiro
Um de seus maiores dilemas era ser uma mulher
Não gostava de ser mulher
Ser mulher na concepção dela era ser complicada demais
Realmente ela era
Mas não somente isso
Ser mulher lhe era sinônimo de fraqueza
e submissão obrigatórios
E se revoltava quanto a isso
Infelizmente a repressão não vinha de fora
Era de dentro dela que surgia
Isso tornou a luta mais intensa
Além de tudo sabia de seu grande desafio:
nascera no século XX, vivendo na sociedade
pós-moderna do século XXI com a mentalidade de mulher
do século retrasado!
Pior que Lóri, que deixou Ulisses lhe ensinar a viver através do prazer...
Essa clone de Lória não deixa um ser se aproximar dela. Tem medo de ser influenciada. Medo de transformar-se. É uma medrosa ao extremo!
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