quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Obediência e Resignação

Ao mesmo tempo em que estou muito solta e tenho toda liberdade, liberdade essa que temo de tão grande que é... Ao mesmo tempo não quero estar presa, fechada, enclausurada e desconexa do quê, não sei.
Mas não quero os extremos de realidades que são nocivas para minha saúde, minha plenitude, minha existência. Temo a prisão, a caixa, o dogma, tudo que é vão. Temo a liberdade que vem na contramão. Posso fazer tudo que quiser, mesmo aquilo que não seja são. Posso matar, roubar, ferir, me prostituir. Posso dizer não, posso dizer sim. Não tenho contas a prestar, para ninguém preciso minha vida, meu comportamento, meu ser, justificar. Mas isso não é tão bom. Fico presa na solidão. Então para o outro lanço mão, na esperança de amparo ter. Mas não quero ser presa não, nem que isso pareça em vão. Não quero a solidão, mas presa não posso viver.
As amarras foram soltas, todos os dogmas se foram. Pai, mãe, igreja, não quero ouro de tolo. Não quero estar presa na “sagrada“ união. Minha personalidade é minha, muito forte, solta e precisa disso para viver. Quero morrer de amor, mas amando na liberdade conviver.
Quero me dedicar, amar, até às vezes me anular, mas em todo tempo me possuir. Quero ser eu como sou. Sem me desconfigurar e sem me trair. Não sou programa de computador, sou um ser humano, mulher, não nasci somente para amar. Não quero me subjugar, nem por isso me isolar, ou mesmo me submeter. Não quero estar à frente, nem atrás, do lado sim, isso poderá acontecer. Não quero olhar para o chão, não quero a fronte demais erguer. Eu quero a digna liberdade de mulher, um outro a mais, nem melhor nem pior, outro modo de ser. Outro modo humano, humana, mulher que tem direito ao poder. O poder que mais desejo para sempre, é sempre, para sempre me pertencer.
Sou muito forte que não me suporto, sei, preciso de ajuda. Não me basto, não me sustenho, sou muito, muito, muito poder, tão grande que não agüento. Mas só posso confiar, me confiar, em alguém que não queira me usurpar. E que saberá me deixar ser o que já sou, mesmo que um dia eu venha mudar.
Estou triste, muito triste, a realidade passei a enxergar. Desde o dia que comi o fruto, fui culpada, sou mulher, fui errada ao pecar. Levei Adão comigo e por isso pago, até hoje, pelo erro que aconteceu ali. Milhares de anos se passaram desde o Éden, pago o preço do passado, passado de erro que não cometi.
Choro, sofro, lamento, grito, mas sublimo minha indignação. Ensinaram-me a não ter voz, nem mente, apenas a pensar com o coração. Então abaixo minha cabeça, não falo não escrevo não uso minhas mãos. Cumpro a tarefa que me foi dada, viver eternamente em reclusão. Sou mulher, o que fazer? Não tenho opção. A mim basta a atitude de todos os fracos e submissos: obediência e resignação.

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