Obrigada porque você pôde me libertar
Quando eu quis fazer de você minha prisão
Obrigada pois com teu exemplo aprendi a ser mulher
E nos teus olhos enxerguei a plenitude e integridade humana do bem e do mal
Obrigada por que no teu corpo pude me deleitar
E mesmo não sendo o corpo mais desejado por mim
Foi o lugar seguro onde bem desejei estar
Obrigada por ser paciente, amigo e leal
Obrigada por ter estado aqui e ter passado por minha vida
E o que ficou agora é meu e nunca abrirei mão
O adeus se diz no silêncio da minha voz que não quis calar e você persistente e pacientemente ouviu
Abraços, carinhos e demais coisas
Que pareciam sonho foram realidades e por isso chegaram ao fim
Obrigada, adeus.
sábado, 29 de novembro de 2008
Não conseguia respirar
A voz não saía
A mão tremia
O suor escorria
Não sabia dizer
A alma pulsava
O coração latejava
O razão queria sucumbir
a emoção
O outono passava
O passado voltava
O inverno queria imperar
Nas decisões
Mas a verdade falava
O olhar revelara
O que nítido estava
Dentro dos corações
O tempo passava
Mas o amor não calava
O silêncio inundava
Cada oração
A verdade saía
O nervoso passava
As palavras faladas
Eram verdades de religião
A voz não saía
A mão tremia
O suor escorria
Não sabia dizer
A alma pulsava
O coração latejava
O razão queria sucumbir
a emoção
O outono passava
O passado voltava
O inverno queria imperar
Nas decisões
Mas a verdade falava
O olhar revelara
O que nítido estava
Dentro dos corações
O tempo passava
Mas o amor não calava
O silêncio inundava
Cada oração
A verdade saía
O nervoso passava
As palavras faladas
Eram verdades de religião
domingo, 23 de novembro de 2008
Mayara
Agora sei o que você sentiu. Sei, namorada que ama. Sinto em mim a dor de ser Mayara, namorada de um Léo. Mais que isso sinto a dor de ser mulher-menina que ama com a alma e sem reservas. Hoje eu sei Mayara e por isso te peço perdão. Perdão porque sabendo sua história quis ser você. Mas explico que já não sabia ser eu. E não queria. Não queria ser a outra, quis ser Mayara. E hoje sou. Sou Mayara na dor, no amor e na espera. Espera que não tem fim. Mas sei, terá. Sou uma Mayara porque já fui muitas e ser mais uma não faz diferença. Serei todas até que por fim seja e assuma ser quem sou.
Domingo. Mais um domingo. Mas não é do domingo que quero falar. É do jornal que vou ler daqui a pouco. E daquilo que vou ler, que vai mexer comigo e me instigar. As notícias de sempre, semana após semana.
Talvez eu escreva um texto para tentar fazer algo, algo por mim. Pelo menos compartilhar e me livrar de parte desse sentimento. O sentimento de impotência ante as injustiças, o que é frustrante.
Discuti hoje com minhas amigas, Priscilla e Josimeri. Discutimos juntas injustiças, as medidas políticas, o posicionamento das entidades privadas, a propriedade privada e a participação do indivíduo em sua formação enquanto ser social.
Queria ser tão insensível quanto tentei mostrar ser, e achar tão natural quanto meu discurso tentou nos persuadir. Não queria me importar mais com isso. Queria ler o jornal e não entender o que está escrito nas linhas e entrelinhas. Ou queria entender, mas de um modo conformista que quando eu dissesse para mim mesma "o mundo é assim mesmo", eu desse de ombros e o meu estômago parasse de fervilhar. Queria achar o mundo normal e que existir pessoas sem lar e sem comida sobre a mesa é a coisa mais natural. E após a leitura levantar, pegar minha bolsa e fazer compras no shopping num domingo nublado. Queria que eu fosse assim. Queria não me sentir comovida e compelida a acreditar que algo precisa ser feito. E logo em seguida não queria me sentir tão pequena, incompetente porque não sei o que fazer.
Talvez precise de uma ideologia urgentemente. Qual ?
"Pois aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Agora assiste a tudo
Em cima do muro
Em cima do muro...
Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma prá viver
Ideologia!
Prá viver..."
(Ideologia - composição: Cazuza/ Roberto Frejat)
Quem sabe eu seja esse garoto que queria mudar o mundo. Pois realmente já quis e acreditei que o faria, e mesmo que não conseguisse morreria tentando. Talvez agora eu esteja caminhando para cima do muro.
Onde estão meus heróis? Quem são os meus heróis? E os teus? Quem são e onde estão?
O que tem sido feito para melhorar? Melhorar o quê!? Já te digo. Eu não preciso me esforçar para responder. Levanto e olho na janela: alguns problemas estão ali expostos na minha frente. A começar pelo Ciep Hélio Smith onde crianças na terceira série primária não sabem ler e escrever. A direita está o Batalhão da Maré que suscita a pergunta: "quem são mesmo os criminosos?". Se adentrar ruas e becos verei armamentos pesados de guerra, e com algum azar o uso dos tais. Sem falar na venda explícita de entorpecentes. No meio do caminho verei bêbados, drogados e muita criança com os pés no chão. E queira você acreditar ou não, são pessoas de bem. E ainda mais, pense, são em parte esses bêbados e drogados que educam as crianças da terceira série do Ciep que não lêem e não escrevem.
Quem são os culpados? O governo? Os pais? As professoras? A polícia? Os traficantes? As crianças? Eu e você? Importa quem sejam os culpados? O importante é solução. Medidas concretas e eficazes.
Não quero que me falem das Ongs e dos Projetos ou das Ações de Cidadania e Movimentos Sociais. Quero que me falem de resultados. E que me convençam que há realmente um porque acreditar em mudança. Façam isso, por favor. Quero ver meu ceticismo derrubado. Quero não ter razão e estar completamente errada quando me esforço para aceitar a vida como ela é.
A verdade é que não vou me conformar, mas também não aceito ficar descrevendo os problemas e apontando culpados ou ouvindo Cazuza, Rappa e Charlie Brown Jr e não fazer nada.
"É assim que é...Eu vou mudar, tudo que não me convém
Hoje tenho tudo que podia querer mas,
Dinheiro não é tudo tenho muito a fazer.
Quem não respeita o pai, não respeita ninguém
Porque um homem de verdade vai ser pai também,
Ame o seu pai, mesmo se ele for um porco capitalista."
(Não uso sapato - Charlie Brown Jr _ Composição: Chorão, Marcão, Champignon e Pelado)
Tinha desistido de falar desse tema, mas não é assim que se decide sobre o que escrever. Favela, injustiças e todo esse blá blá blá são repetidos em jornais, blogs e TV todos os dias. Programas de humor, novelas e seriados na mídia abordam esses temas e os tornam cada vez mais acessíveis e menos levados a sério. A abordagem massiva desses temas sugere que é realmente normal o que acontece. "Olha lá, na TV aparece igual acontece com nós aqui!"
Verdade é que o assunto está na moda. Assim como é chique e confere status participar de algum projeto social em alguma favela ou morrinho por aí.
Não me importo que isso aconteça, mas concomitantemente é necessário fazer e executar soluções. As medidas concretas das quais falei acima. E nisso surge a mais importante razão de ser deste texto. Eu não tenho a resposta. E sei que sozinha não vou conseguir. Mas se eu conseguir fazer com que uma parte de quem está lendo pense a respeito. Talvez não hoje, mas em algum momento a solução surgirá. Não de mim, não de você, mas da gente. Sozinho ninguém faz nada.
Pode ser que o que você esteja lendo seja em parte aquilo que você pensa, e te incomoda também. Principalmente o fato de não ter em mãos um livro que tenha as respostas prontas para os problemas do mundo. Mas se estamos conscientes que o modo como está não nos satisfaz e que não temos a solução ainda, já temos a metade do caminho para encontrá-la.
Bom domingo a todos.
Karla Rodrigues Gregório
Talvez eu escreva um texto para tentar fazer algo, algo por mim. Pelo menos compartilhar e me livrar de parte desse sentimento. O sentimento de impotência ante as injustiças, o que é frustrante.
Discuti hoje com minhas amigas, Priscilla e Josimeri. Discutimos juntas injustiças, as medidas políticas, o posicionamento das entidades privadas, a propriedade privada e a participação do indivíduo em sua formação enquanto ser social.
Queria ser tão insensível quanto tentei mostrar ser, e achar tão natural quanto meu discurso tentou nos persuadir. Não queria me importar mais com isso. Queria ler o jornal e não entender o que está escrito nas linhas e entrelinhas. Ou queria entender, mas de um modo conformista que quando eu dissesse para mim mesma "o mundo é assim mesmo", eu desse de ombros e o meu estômago parasse de fervilhar. Queria achar o mundo normal e que existir pessoas sem lar e sem comida sobre a mesa é a coisa mais natural. E após a leitura levantar, pegar minha bolsa e fazer compras no shopping num domingo nublado. Queria que eu fosse assim. Queria não me sentir comovida e compelida a acreditar que algo precisa ser feito. E logo em seguida não queria me sentir tão pequena, incompetente porque não sei o que fazer.
Talvez precise de uma ideologia urgentemente. Qual ?
"Pois aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Agora assiste a tudo
Em cima do muro
Em cima do muro...
Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma prá viver
Ideologia!
Prá viver..."
(Ideologia - composição: Cazuza/ Roberto Frejat)
Quem sabe eu seja esse garoto que queria mudar o mundo. Pois realmente já quis e acreditei que o faria, e mesmo que não conseguisse morreria tentando. Talvez agora eu esteja caminhando para cima do muro.
Onde estão meus heróis? Quem são os meus heróis? E os teus? Quem são e onde estão?
O que tem sido feito para melhorar? Melhorar o quê!? Já te digo. Eu não preciso me esforçar para responder. Levanto e olho na janela: alguns problemas estão ali expostos na minha frente. A começar pelo Ciep Hélio Smith onde crianças na terceira série primária não sabem ler e escrever. A direita está o Batalhão da Maré que suscita a pergunta: "quem são mesmo os criminosos?". Se adentrar ruas e becos verei armamentos pesados de guerra, e com algum azar o uso dos tais. Sem falar na venda explícita de entorpecentes. No meio do caminho verei bêbados, drogados e muita criança com os pés no chão. E queira você acreditar ou não, são pessoas de bem. E ainda mais, pense, são em parte esses bêbados e drogados que educam as crianças da terceira série do Ciep que não lêem e não escrevem.
Quem são os culpados? O governo? Os pais? As professoras? A polícia? Os traficantes? As crianças? Eu e você? Importa quem sejam os culpados? O importante é solução. Medidas concretas e eficazes.
Não quero que me falem das Ongs e dos Projetos ou das Ações de Cidadania e Movimentos Sociais. Quero que me falem de resultados. E que me convençam que há realmente um porque acreditar em mudança. Façam isso, por favor. Quero ver meu ceticismo derrubado. Quero não ter razão e estar completamente errada quando me esforço para aceitar a vida como ela é.
A verdade é que não vou me conformar, mas também não aceito ficar descrevendo os problemas e apontando culpados ou ouvindo Cazuza, Rappa e Charlie Brown Jr e não fazer nada.
"É assim que é...Eu vou mudar, tudo que não me convém
Hoje tenho tudo que podia querer mas,
Dinheiro não é tudo tenho muito a fazer.
Quem não respeita o pai, não respeita ninguém
Porque um homem de verdade vai ser pai também,
Ame o seu pai, mesmo se ele for um porco capitalista."
(Não uso sapato - Charlie Brown Jr _ Composição: Chorão, Marcão, Champignon e Pelado)
Tinha desistido de falar desse tema, mas não é assim que se decide sobre o que escrever. Favela, injustiças e todo esse blá blá blá são repetidos em jornais, blogs e TV todos os dias. Programas de humor, novelas e seriados na mídia abordam esses temas e os tornam cada vez mais acessíveis e menos levados a sério. A abordagem massiva desses temas sugere que é realmente normal o que acontece. "Olha lá, na TV aparece igual acontece com nós aqui!"
Verdade é que o assunto está na moda. Assim como é chique e confere status participar de algum projeto social em alguma favela ou morrinho por aí.
Não me importo que isso aconteça, mas concomitantemente é necessário fazer e executar soluções. As medidas concretas das quais falei acima. E nisso surge a mais importante razão de ser deste texto. Eu não tenho a resposta. E sei que sozinha não vou conseguir. Mas se eu conseguir fazer com que uma parte de quem está lendo pense a respeito. Talvez não hoje, mas em algum momento a solução surgirá. Não de mim, não de você, mas da gente. Sozinho ninguém faz nada.
Pode ser que o que você esteja lendo seja em parte aquilo que você pensa, e te incomoda também. Principalmente o fato de não ter em mãos um livro que tenha as respostas prontas para os problemas do mundo. Mas se estamos conscientes que o modo como está não nos satisfaz e que não temos a solução ainda, já temos a metade do caminho para encontrá-la.
Bom domingo a todos.
Karla Rodrigues Gregório
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Eu
O mundo não dá susto. O mundo do lado de fora é simples. Dentro, aqui dentro que é complicado. Aqui fora posso mover as coisas, algumas até posso entender. Mas aqui dentro é tudo misturado. Não tem como pegar algo e mudar de lugar, não facilmente. Dentro é confusão. Fora o caos se tornou cosmo. Dentro mutação, algo que não é mais e que ainda não é, mas foi e será algo que não sei o que é. O mundo é simples e as pessoas são boas. Eu que não sou boa. Ou sou boa como todos são, sendo bons e maus. E tenho dificuldade de assumir isso. O que sou é difícil ser, pois sou isso mas não era, ou não sabia que era. Então agora tenho dificuldade para ser. Mas estou tentando e me esforçando ser quem sou.
As pessoas não são perigosas. Não por si. Nada podem me fazer, a não ser que eu permita. Sou meu castelo forte e sei me proteger. Mas vejo perigo as vezes na fumaça que está no céu, como se fosse um incêndio. Na verdade era a chaminé da casa onde estava sendo feito um calderão de sopa deliciosa.
A cabeça prega peças. Os olhos e as emoções também. Pecado ler onde não há nada escrito. Reagir a uma ação não tomada. Vingar um sentimento não ferido. Matar sem ter motivo.
Aprender é necessário. É chato quando fazemos uso de alguém, que também nos usa. Mas sequer sabemos até quando. As pessoas ensinam sem querer às vezes. Mas chegará o dia em que vou ir embora porque já aprendi tudo que tinha para aprender com ela. Não gosto de partir. Na verdade gosto de partir, mas não gosto quando tenho vontade de ficar. Mas o meu tempo nem sempre é o tempo. Tenho amigos que estão distante porque nosso tempo junto acabou, nosso elo, o ponto em comum. É um gostar diferente. Gostar na distância. Gostar da lembraça, lembraça de algo bom que ficou para trás.
É pecado forçar a barra para estar junto quando o tempo acabou. Violentar a vida, a minha vida, quando algo mais está no horizonte me aguardando e tento segurar com toda força a brisa do passado. Forçando me limitar quando o horizonte é tão extenso e tão lindo e tão cheio de expectativas e boas surpresas. Isso é assombroso e belo.
As vezes acho isso. Isso que eu disse. Reluto muito a deixar para trás aquilo que precisa ser deixado. Em relação a tudo: pensamentos, ideais, pessoas, amigos, amores. Uma vez uma amiga de alojamento do Seminário se mudava para um outro Estado, e eu fiquei muito triste por isso. Ela me disse: Karlinha, a vida é um grande barco que para que pessoas novas entrem algumas antigas precisam descer.
Esse fluxo é natural, achei ingrato isso, mas faz sentido e é bom. Entendo. É bom. Tento me convencer disso. Tento aceitar.
A vida é tão rica e tão cheia de... vida. Pessoas, sonhos e realizações. E mais pessoas, amores, amantes, lábios e desejos num concatenado de confusões. "A vida é real e de viés..." diz Caetano Veloso. Gosto de uma pessoa, já gostei de outra e já me apaixonei diversas vezes. Desejo uma outra, sou intrigada por uma que gosta de mim e não sei o que fazer. Mas o que sei é que não posso simplesmente fugir dessa realidade. Dessa confusão de coisas que estão aí. Não vivi ainda nenhum seriado de Nelson Rodrigues. Nunca li Jorge Amado, mas acredito que também não vivo qualquer de seus romances. Mas sei que muito do que há em todas as pessoas também há em mim. Desejos proibidos, vontades estranhas e esquisitas, sonhos reprimidos, sonhos desajeitados. Sou muito humana e me dar conta disso é como se eu acabasse de descobrir que existo. E que estou num mundo com bilhões de pessoas que são como eu, e não são menos que eu, não são melhores que eu. São eus diferentes de mim, mas da mesma essência, suscetíveis às mesmas vicissitudes que eu. Cotidiano, rotina, mesmice, cansaço, sonhos, pesadelos, chulé, arroto, caspa, lágrima, sorriso, orgasmo, cachaça... Sou humana, muito humana, tão humana e tão mulher. E vivo aqui nesse planeta e falo esse idioma e tenho os traços do rosto como o são e uma cabeça cheia de coisas. E isso faz com que eu me sinta a pessoa mais interessante do mundo. Faz-me sentir plena e realizada num planeta numa via láctea num universo grande, grande, muito grande.
Adoro viver e ter 25 anos e descobrir que em 25 anos serei idosa. E ter expectativa de quem serei eu daqui a 25 anos. O que terei feito? Como terei vivido? O que terei conquistado? O que estarei conquistando e construindo? Qual será o meu legado para este mundo? O que deixarei para os outros eus que virão depois de mim? Isso me joga um senso de responsabilidadeb por mim e pelos demais. O que não diminui o prazer de estar aqui. Não diminui.
Sou viva e estou aqui.
Mudo por dentro. Mudo por fora. Não tenho limites. Não há limites no mundo para todo ser humano. O segredo é descobrir isso. E isso eu sei desde pequena. Tinha esquecido, mas relembrei. Posso tudo e o impossível não existe. A vida me diz isso desde sempre e há muito tempo. E com isso acredito timidamente que sou feliz.
As pessoas não são perigosas. Não por si. Nada podem me fazer, a não ser que eu permita. Sou meu castelo forte e sei me proteger. Mas vejo perigo as vezes na fumaça que está no céu, como se fosse um incêndio. Na verdade era a chaminé da casa onde estava sendo feito um calderão de sopa deliciosa.
A cabeça prega peças. Os olhos e as emoções também. Pecado ler onde não há nada escrito. Reagir a uma ação não tomada. Vingar um sentimento não ferido. Matar sem ter motivo.
Aprender é necessário. É chato quando fazemos uso de alguém, que também nos usa. Mas sequer sabemos até quando. As pessoas ensinam sem querer às vezes. Mas chegará o dia em que vou ir embora porque já aprendi tudo que tinha para aprender com ela. Não gosto de partir. Na verdade gosto de partir, mas não gosto quando tenho vontade de ficar. Mas o meu tempo nem sempre é o tempo. Tenho amigos que estão distante porque nosso tempo junto acabou, nosso elo, o ponto em comum. É um gostar diferente. Gostar na distância. Gostar da lembraça, lembraça de algo bom que ficou para trás.
É pecado forçar a barra para estar junto quando o tempo acabou. Violentar a vida, a minha vida, quando algo mais está no horizonte me aguardando e tento segurar com toda força a brisa do passado. Forçando me limitar quando o horizonte é tão extenso e tão lindo e tão cheio de expectativas e boas surpresas. Isso é assombroso e belo.
As vezes acho isso. Isso que eu disse. Reluto muito a deixar para trás aquilo que precisa ser deixado. Em relação a tudo: pensamentos, ideais, pessoas, amigos, amores. Uma vez uma amiga de alojamento do Seminário se mudava para um outro Estado, e eu fiquei muito triste por isso. Ela me disse: Karlinha, a vida é um grande barco que para que pessoas novas entrem algumas antigas precisam descer.
Esse fluxo é natural, achei ingrato isso, mas faz sentido e é bom. Entendo. É bom. Tento me convencer disso. Tento aceitar.
A vida é tão rica e tão cheia de... vida. Pessoas, sonhos e realizações. E mais pessoas, amores, amantes, lábios e desejos num concatenado de confusões. "A vida é real e de viés..." diz Caetano Veloso. Gosto de uma pessoa, já gostei de outra e já me apaixonei diversas vezes. Desejo uma outra, sou intrigada por uma que gosta de mim e não sei o que fazer. Mas o que sei é que não posso simplesmente fugir dessa realidade. Dessa confusão de coisas que estão aí. Não vivi ainda nenhum seriado de Nelson Rodrigues. Nunca li Jorge Amado, mas acredito que também não vivo qualquer de seus romances. Mas sei que muito do que há em todas as pessoas também há em mim. Desejos proibidos, vontades estranhas e esquisitas, sonhos reprimidos, sonhos desajeitados. Sou muito humana e me dar conta disso é como se eu acabasse de descobrir que existo. E que estou num mundo com bilhões de pessoas que são como eu, e não são menos que eu, não são melhores que eu. São eus diferentes de mim, mas da mesma essência, suscetíveis às mesmas vicissitudes que eu. Cotidiano, rotina, mesmice, cansaço, sonhos, pesadelos, chulé, arroto, caspa, lágrima, sorriso, orgasmo, cachaça... Sou humana, muito humana, tão humana e tão mulher. E vivo aqui nesse planeta e falo esse idioma e tenho os traços do rosto como o são e uma cabeça cheia de coisas. E isso faz com que eu me sinta a pessoa mais interessante do mundo. Faz-me sentir plena e realizada num planeta numa via láctea num universo grande, grande, muito grande.
Adoro viver e ter 25 anos e descobrir que em 25 anos serei idosa. E ter expectativa de quem serei eu daqui a 25 anos. O que terei feito? Como terei vivido? O que terei conquistado? O que estarei conquistando e construindo? Qual será o meu legado para este mundo? O que deixarei para os outros eus que virão depois de mim? Isso me joga um senso de responsabilidadeb por mim e pelos demais. O que não diminui o prazer de estar aqui. Não diminui.
Sou viva e estou aqui.
Mudo por dentro. Mudo por fora. Não tenho limites. Não há limites no mundo para todo ser humano. O segredo é descobrir isso. E isso eu sei desde pequena. Tinha esquecido, mas relembrei. Posso tudo e o impossível não existe. A vida me diz isso desde sempre e há muito tempo. E com isso acredito timidamente que sou feliz.
Propositadamente colocava a mão na tomada. Levava choques fortes mas suportáveis. Gostava de colocar a mão lá embora já soubesse o que lhe iria acontecer: mais um choque. Aquilo era sofrimento. Sofrimento controlado, procurado e provocado. Era susto e expectativa do choque que procurava. Sabia como iria acabar, poderia ser diferente, mas não conseguia fazer de outro modo. Ligava a eletricidade da velha casa e começava a colocar os dedos em todas as tomadas. Revezava para saber qual era o fio neutro e aquele com corrente. Adorava a expectativa da dor e do sofrimento. Vivia na mesma casa desde pequeno, onde sofrera ao ver seus pais brigando, quando ainda era de colo. Sofreu quando se separavam e por fim sofreu quando viu seu pai esfaquiar sua mãe e fugir. Nisso já era adolescente. Cresceu na mesma casa. Hoje é pedreiro e alcólatra. Sua vida foi marcada pela dor e o sofrimento. Não consegue nutrir qualquer relacionamento. Seus amigos são os que com ele se aglomeram no chão do bar. Sua vida é encontro com o sofrer, o que o faz sentir-se vivo. Dor é o sentimento que traz para ele a lembrança da família.Então sofre e busca esse sofrimento, levando choque pelo corpo. Seu modo de se realizar enquanto pessoa e de existir.
domingo, 16 de novembro de 2008
Avesso do conto
Estou cheia de dor de cabeça. Ressaca de duas latas de Boêmia e um copo de Skol. Saí com meus amigos, fomos para Laranjeiras. Não bebo muito, então, o pouco que bebo, eventualmente, me deixa cambaleada. Hoje é domingo e não tive saco para concluir a leitura dos relatórios da reunião de amanhã. A louça e o jantar ficaram por conta de Cláudio. Amanhã a diarista não virá, então o banheiro ficará por conta dele também.
Vou tomar uma aspirina e descansar. Cheguei em casa às cinco da manhã, só dormi até onze. Estou lendo um livro que devolvo a biblioteca em poucos dias. Minha cabeça está revirada, mas a leitura é tão interessante que não consegui prescindir dela. O livro fala do fracasso do feminismo dos anos sessenta. As mulheres pediram emancipação, queimaram sutiãs mas não conseguiram em grande maioria lidar com essa "liberdade". Ainda são menininhas dependentes emocionalmente de seus cônjuges embora passem por fora ar de autonomia e independência. Acho que sou assim, também. Dependo de Cláudio para que esse apartamento fique limpo quando a empregada não vem, para massagear minhas costas depois de um estressante dia de trabalho e dependo dele - mas não somente dele - para aliviar a tensão física através de danças tântricas de amor. Minha emoção é meu esposo que cuida também. Não raro é contido e impassível em meus momentos de exasperação. Acredito que sofro do que o livro chama Complexo de Cinderela. Sou uma Cinderela que encontrou seu sapo encantado, Cláudio, meu amado marido.
Vou tomar uma aspirina e descansar. Cheguei em casa às cinco da manhã, só dormi até onze. Estou lendo um livro que devolvo a biblioteca em poucos dias. Minha cabeça está revirada, mas a leitura é tão interessante que não consegui prescindir dela. O livro fala do fracasso do feminismo dos anos sessenta. As mulheres pediram emancipação, queimaram sutiãs mas não conseguiram em grande maioria lidar com essa "liberdade". Ainda são menininhas dependentes emocionalmente de seus cônjuges embora passem por fora ar de autonomia e independência. Acho que sou assim, também. Dependo de Cláudio para que esse apartamento fique limpo quando a empregada não vem, para massagear minhas costas depois de um estressante dia de trabalho e dependo dele - mas não somente dele - para aliviar a tensão física através de danças tântricas de amor. Minha emoção é meu esposo que cuida também. Não raro é contido e impassível em meus momentos de exasperação. Acredito que sofro do que o livro chama Complexo de Cinderela. Sou uma Cinderela que encontrou seu sapo encantado, Cláudio, meu amado marido.
sábado, 15 de novembro de 2008
Luna
Se eu não tiver uma vida própria
Não terei o que doar
Se eu não tiver uma própria vida
Perguntas não poderei responder
Se eu não tiver uma vida minha
Não saberei o outro amar
Se não tiver minha própria vida
Não terei meios de em ti me encontrar
Se eu não me possuir por completo
e minha própria vida eu mesma dirigir
Não saberei quando estarei alguém seguindo,
Sendo eu mesma ou a vida de outrem a perseguir
Se eu não construir meu próprio caminho
Nunca conseguirei um par alcançar
Estarei perdida sem caminho
Sem rumo
Sem estrada
Sem lar
Se eu não for a coisa mais importante no mundo
Nada mais terá valor
Somente a partir de si um sujeito configura o mundo
E o ordena sempre a seu favor
Estou em primeiro lugar
Em tudo da vida, no mundo sem par
Sou eu por mim, não por você
Serei mais que tudo que possa ser
Não posso me esconder na vida alheia
Ou no meu próximo me ocultar
Sou a única responsável pela minha vida
Isso é um prazer, prazer de aqui estar
Sigo segura minha vida
Confiante do caminho que eu escolhi
Sou arquiteta do mundo
Construí o meu futuro, presente que seguí
Sou eu, sou única, sem arrimo fora de mim
Sou tudo que preciso no mundo
Por isso sou alguém para o mundo
Por isso sou Luna para ti
Não terei o que doar
Se eu não tiver uma própria vida
Perguntas não poderei responder
Se eu não tiver uma vida minha
Não saberei o outro amar
Se não tiver minha própria vida
Não terei meios de em ti me encontrar
Se eu não me possuir por completo
e minha própria vida eu mesma dirigir
Não saberei quando estarei alguém seguindo,
Sendo eu mesma ou a vida de outrem a perseguir
Se eu não construir meu próprio caminho
Nunca conseguirei um par alcançar
Estarei perdida sem caminho
Sem rumo
Sem estrada
Sem lar
Se eu não for a coisa mais importante no mundo
Nada mais terá valor
Somente a partir de si um sujeito configura o mundo
E o ordena sempre a seu favor
Estou em primeiro lugar
Em tudo da vida, no mundo sem par
Sou eu por mim, não por você
Serei mais que tudo que possa ser
Não posso me esconder na vida alheia
Ou no meu próximo me ocultar
Sou a única responsável pela minha vida
Isso é um prazer, prazer de aqui estar
Sigo segura minha vida
Confiante do caminho que eu escolhi
Sou arquiteta do mundo
Construí o meu futuro, presente que seguí
Sou eu, sou única, sem arrimo fora de mim
Sou tudo que preciso no mundo
Por isso sou alguém para o mundo
Por isso sou Luna para ti
Mesmo sem motivo para escrever
Sem ter o que falar
Não entendo o que eu sinto; eu vou dizer
Aquilo que me faz parar
Quando olho, não quero ver
Mesmo sem saber, não dá para acreditar
É verdade o que sinto por você
Ou será mera ilusão criada para sonhar?
De verdade quero este amor? Prefiro eu que ele venha acabar?
É difícil isso saber. Muito difícil interpretar
Vou continuar a sofrer? Por que a ser feliz não quero me habituar
Luto com o que sinto e ainda luto por você
Luto por algo que não imagino o que será
Minha voz, meu corpo, minha alma querem você
Minha mente, de ti se separar
Como pode esta luta? Quem irá vencer?
Estarei por perto ou irei me afastar?
Mulher que sou, maluca que sei
Amo-te e não quero essa realidade vivenciar
Segura estou longe de ti, não quero a isso ceder
Prefiro a segura solidão à incerteza de amar
Não findo por aqui, há mais o que dizer
Não encontro palavras certas para dissertar
Faço perguntas às quais não posso responder...
Cheguei à conclusão, opto por continuar.
Sem ter o que falar
Não entendo o que eu sinto; eu vou dizer
Aquilo que me faz parar
Quando olho, não quero ver
Mesmo sem saber, não dá para acreditar
É verdade o que sinto por você
Ou será mera ilusão criada para sonhar?
De verdade quero este amor? Prefiro eu que ele venha acabar?
É difícil isso saber. Muito difícil interpretar
Vou continuar a sofrer? Por que a ser feliz não quero me habituar
Luto com o que sinto e ainda luto por você
Luto por algo que não imagino o que será
Minha voz, meu corpo, minha alma querem você
Minha mente, de ti se separar
Como pode esta luta? Quem irá vencer?
Estarei por perto ou irei me afastar?
Mulher que sou, maluca que sei
Amo-te e não quero essa realidade vivenciar
Segura estou longe de ti, não quero a isso ceder
Prefiro a segura solidão à incerteza de amar
Não findo por aqui, há mais o que dizer
Não encontro palavras certas para dissertar
Faço perguntas às quais não posso responder...
Cheguei à conclusão, opto por continuar.
Alice
Alice se casaria em dois dias. Esposa de um político conservador de direita em sua cidadezinha seria. Teria como missão de vida ser exemplo de mulher, mãe e esposa. Seria mais mãe e esposa que mulher, ela já sabia.
Ela estava ali na varanda de casa a lembrar de sua vida e história... Logo ela que odiava os meninos, logo ela que jamais se casaria, logo ela que subia em árvore, usava boné e tomava banho de chuva. Ela achava tudo muito irônico. Ela que adorava a rebeldia, adorava saber o certo somente para fazer o errado. Ela mesma que inocentemente brincava com a capacidade das pessoas ironizando, sendo irreverente, ambígua e controversa.
Por um longo momento divagou. Lembrou-se do período em que estudou fora de sua cidade, quando viveu no alojamento da Escola Secundária. Lembrou-se dos dias que saia sozinha pelas ruas a falar com as pessoas mais esquisitas, contemplando-os pela ótica da normalidade, curiosa pelo outro, pelo diferente, curiosa pela diversidade da vida e dos seres. Também lembrou do primeiro porre de vinho. E da vez em que tomou uma dose de cachaça num botequim com os amigos. Relembrou-se do dia em que dormiu no alojamento dos rapazes para transgredir as normas, nada mais.
Sim, lembrou com alegria e talvez tímida nostalgia. Recordou esse tempo que ficou para trás. Alice não era mais assim. È verdade que era, mas abria mão de muito disso para uma nova etapa da sua vida, não menos digna de louvor. Suas travessuras ficavam para trás, parte dela já estava muito atrás, sendo tangível pelo fio da lembrança apenas. Ela amava o novo desafio, sabia o seu papel ao lado de seu futuro esposo, também conhecia o papel em sua própria vida, e saberia viver a nova canção em uníssono. Certa estava seguindo sua vocação, apoiada pela sua emoção e por sua razão. Entendia que a partir dali estava se tornando verdadeiramente mulher.
Ela estava ali na varanda de casa a lembrar de sua vida e história... Logo ela que odiava os meninos, logo ela que jamais se casaria, logo ela que subia em árvore, usava boné e tomava banho de chuva. Ela achava tudo muito irônico. Ela que adorava a rebeldia, adorava saber o certo somente para fazer o errado. Ela mesma que inocentemente brincava com a capacidade das pessoas ironizando, sendo irreverente, ambígua e controversa.
Por um longo momento divagou. Lembrou-se do período em que estudou fora de sua cidade, quando viveu no alojamento da Escola Secundária. Lembrou-se dos dias que saia sozinha pelas ruas a falar com as pessoas mais esquisitas, contemplando-os pela ótica da normalidade, curiosa pelo outro, pelo diferente, curiosa pela diversidade da vida e dos seres. Também lembrou do primeiro porre de vinho. E da vez em que tomou uma dose de cachaça num botequim com os amigos. Relembrou-se do dia em que dormiu no alojamento dos rapazes para transgredir as normas, nada mais.
Sim, lembrou com alegria e talvez tímida nostalgia. Recordou esse tempo que ficou para trás. Alice não era mais assim. È verdade que era, mas abria mão de muito disso para uma nova etapa da sua vida, não menos digna de louvor. Suas travessuras ficavam para trás, parte dela já estava muito atrás, sendo tangível pelo fio da lembrança apenas. Ela amava o novo desafio, sabia o seu papel ao lado de seu futuro esposo, também conhecia o papel em sua própria vida, e saberia viver a nova canção em uníssono. Certa estava seguindo sua vocação, apoiada pela sua emoção e por sua razão. Entendia que a partir dali estava se tornando verdadeiramente mulher.
Depoimento - Revista Femme Fatale
Eu briguei com ele, pois queria liberdade. Queria independência. Queria fazer minha própria vontade. Briguei, esbravejei, me enfureci. Passaram-se dois anos desde este dia. E não faço nada senão obedecer-lhe. Não faço nada senão agradar-lhe e buscar sua aprovação. Sim, faço isso. Digo mais, faço e gosto. Sinto-me protegida da responsabilidade de pensar. Não preciso me arriscar e não preciso me proteger. Ele decide por mim. Sinto-me aliviada diante desse mundo complicado, que parece uma selva de disputa de poder. Não tenho vontade, mas tenho paz. Isso é o mais importante.
(Depoimento anônimo de uma das assinantes da Revista Femme Fatale - 24/05/98)
(Depoimento anônimo de uma das assinantes da Revista Femme Fatale - 24/05/98)
domingo, 9 de novembro de 2008
Quando cresci descobri que não era menino
e cresci mais um pouco para virar mulher
Não demorou muito e já controlava a mulher que havia em mim
E mais, com ela aprendi a controlar o mundo a minha volta
Daqui um tempo terei conquistado o planeta e o terei em minhas mãos
Por enquanto jogo video-game com meu sobrinho e arroto depois de beber coca-cola, pois tão logo o sol surja, dominarei o Mundo.
e cresci mais um pouco para virar mulher
Não demorou muito e já controlava a mulher que havia em mim
E mais, com ela aprendi a controlar o mundo a minha volta
Daqui um tempo terei conquistado o planeta e o terei em minhas mãos
Por enquanto jogo video-game com meu sobrinho e arroto depois de beber coca-cola, pois tão logo o sol surja, dominarei o Mundo.
domingo, 2 de novembro de 2008
Cláudio
Cheguei em casa ainda há pouco. Estive toda a noite num jantar de negócios. Estou exausta. Escrevo enquanto Cláudio se banha. Ficou em casa preso o dia inteiro. Deixei-lhe uma porção de água e comida próxima da mesa, até onde a corrente permitiu. Amanhã lhe deixarei solto, anda se comportando bem, poderá ficar livre pela casa.Espero que não faça bagunça e não ataque a emprega. Na verdade acredito que não atacará. Não lhe deixarei uma gota de energia. Brincaremos a noite inteira, estou muito estressada e preciso relaxar. Estou passando o tempo escrevendo, mas já preparei os brinquedos para a diversão. Tenho tudo. Encerro por enquanto, meu marido vem vindo, do jeito que mandei: limpo, Cláudio e nu.
Predileta
Karla Rodrigues Gregório
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