sábado, 7 de julho de 2007

Brasil, onde estão seus bosques de vida? Onde está seu seio de amores?

"[...] Nossos bosques tem mais vida
Nossa vida no teu seio mais amores [...]"
(Hino Nacional Brasileiro)

A pergunta do título feita ao Brasil é: onde estão os bosques de vida, onde está seu seio de amores?
Tornou-se jargão político falar de desigualdade e injustiça sociais no Brasil. É moda falarmos de violência e guerras de tráfico. O que não é jargão ou moda é a discussão aprofundada desses temas.

No trecho acima do Hino Nacional Brasileiro, Joaquim Osório Duque Estrada declara as particularidades da nação. Seus bosques teriam mais vida e a vida da população no seio dessa nação seria mais cheia de amores.

Onde estão esses bosques de vida? Onde estará esse seio cheio de amores?
Bom, aqui no Complexo da Maré não há bosques de vida! Menos ainda seio de amores. Isso está constatado, lamentavelmente.

Ao invés disso, aqui na Maré temos a violência que nos é imposta pela Nação (Governo), através do Caveirão, sinônimo de morte e ódio.
O Brasil que conhecemos aqui está longe de ser "Mãe Gentil". E está devastado, sem bosques de vida, e seu seio de amor tem câncer de ódio.
Ódio que vem de fora e lança raízes aqui dentro. Ódio de fora que vem através das "medidas de segurança" (Caveirão) que gera indignação aqui dentro, que se transforma em ódio para fora.
Ódio das estruturas injustas e desiguais, ódio da impotência diante disso, ódio do sistema que mata e fere quando promete vida e amor.
Ainda ódio porque existem bosques de vida e seio de amores, mas apenas muitíssimo dinheiro poderia comprá-los.
Ódio que legitima ódio, violência que incita violência, morte que gera morte.
Um círculo vicioso. Uma roda viva, isto é, morta.

Isso é um grito de indignação!
É imoral que as pessoas que moram nas favelas sejam tratadas assim.
Há uma imagem que aproximo à da situação de violência imposta aos moradores de favela. Espontaneamente vem à mente a imagem - vinda de livros de história e filmes, provavelmetne - dos índios das Américas sendo perseguidos pelos europeus.
Pelo que se sabe, as motivações dos europeus estavam além do entendimento dos índios. Eles pouco tinham a ver com a motivação expansionista européia. Mas pagaram o preço, inocentes, menos fortes, embora em maior número, foram dizimados!

Aqui na Maré é assim.
Estou escrendo porque não consegui dormi diante da agitação interna.
Fui hoje a uma festa de rua em Nova Holanda. Próximo à festa acontecia o baile funk.
O dois eventos foram interrompidos pela chegada do Caveirão, com sua medida de segurança: atirar, atirar e atirar - uma tática muito avançada, que certamente requereu da corporação mentes brilhantes para articulá-la.
Havia crianças, adolescentes, jovens, adultos: inocentes, menos forte, que nada tem a ver com a motivação dessa abordagem. Mas pagam o preço, e isso sempre!
O que estava sendo um bosque de vida e um seio de amor por iniciativa da comunidade, se transformou em momentos de correria, grito, choro, agitação, frustração, irritação e ódio.

Não há palavras capazes de expressar a indignação, a tristeza e a dor diante desse situação.

08/07/2007

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