domingo, 18 de outubro de 2009

**Descomplexando a Cinderela**

Quem conhece a carta que escrevi há pelo menos dois anos atrás, enquanto esperava meu amado príncipe? Para quem não conhece, segue a transcrição abaixo.

“*A espera do Amado*

“Antes de você chegar era tudo saudade...” (Tony Garrido)

“Onde andará o meu amor?” (Maria Bethânia)

Aguardo-te, e por isso quero me guardar. Sei que chegarás, meu amor, meu irmão, tu chegarás.
Não sei quem tu és, que cor de pele tens. Sei que já te amo de paixão, és o meu único bem.

E te amo com tudo que tenho. E te amo com tudo que sou.
Meu ser desde sempre clama pelos afagos do seu calor.

Não sei de onde virá. Ou onde irá aparecer. Entretanto, meu coração a todo instante pressente você.

Em cada gesto do meu corpo, em cada pensamento que há em mim, desejo a cada segundo ter você inteiramente para mim.

E eu também serei só sua, de corpo e alma, em plena nudez. E quero com você partilhar a vida, o prazer e amor que o Criador de presente nos fez.

O tempo de espera poderá ser breve, ou uma eternidade sem fim. Contudo não se compara a imensidão de amor que tu também já tens por mim.

E tamanho amor não há tempo que possa abater. Ou distância que possa superar. Um amor que nasceu da perfeição eterna a morte não pode amedrontar.

Ainda assim apelo-te: não demores na saída, embora nunca tua chegada venha a ser em vão. Estarei te aguardando, descansarei sobre teu peito, sentido-te sob as minhas mãos.

Não me prometas nem céu, nem terra ou mar. Promessas não me são precisas, pois sei que você é tudo que eu possa desejar.

Minhas palavras são adocicadas pela pureza do mel do nosso amor, que só aumenta e não precisa de mais nada, que é perfeito como a flor.

Permaneço aqui, fiel, até o dia em que chegarás, revestido de formosura e beleza para a minha vida libertar.

Estou presa na Torre de Mármore, mármore da liberdade sem fim. Sou prisioneira da leviandade, meu algoz é o prazer, todo prazer que há por aqui.

Somente algo nesse mundo poderá me libertar: o amor idealizado do meu sonho de criança do príncipe encantado de amor que chega para mim, para sempre sempre sempre ... sempre me amar e jamais deixar.”

Leram?

A história continua...

“*O desespero do amado.*

Estava cansada de esperar, na Torre de Marfim, o tal do amado. Já estava aborrecida, pra não dizer puta da vida, com esse idiota inconseqüente.

Esperei, esperei, esperei. Não veio?

Parti pra o ataque. E parti bonito!

A primeira coisa que fiz foi tirar aquele vestido cafonérrimo que cheirava à naftalina. Depois joguei um jeans que acentuou meu quadril, um corpete com enchimento e um scarpin ponta de agulha, nº 10, vermelho. Por fim, tratei de cortar aquela trança pesada, tonalizei os fios e fui pra pista. Foi aquela festa!

Eu solitária na torre daquele castelo frio, tava perdendo a maior balada no povoado. Vuco-vuco pra todo lado!

As pessoas sequer me reconheciam trajada à la modernidad. Deixei de ser princesa, me tornei P... Periguete! E fiz sucesso...

Quando encontrei um corpinho no esquema, me fiz. Adorei. Não fazíamos declarações de amor, nem falávamos difícil, na verdade, ele era um tanto monossilábico: “E aí?” “Já é?” “Mó filé!” “Ta afim?”. Planos para o futuro!? Curtimos um lance muito quente... E isso foi tudo. Ele me excluiu do orkut, eu o bloqueei no msn, fim. O tal lance, já era...!

Continuei no pique, estava daquele jeito. (E eu esperando por anos o retardado príncipe para nos casarmos... Descobri: ser solteira é muito bom!)

E quando periguete na noitada eu estava, quicando no calcanhar, fervendo no caldeirão do Salgueiro... Adivinhem quem surge do nada? Feio, cafona e alienado?? O meu ex-amado! Anos atrasado, não satisfeito, parou a festa por causa daquele pangaré velho e sujo. Desmontou do bicho, e pior, acenou para mim, ajoelhou e estendeu um anel que brilhava mais que as luzes do lugar.

Preciso dizer que ignorei? Não, né. Aff... Ignorei. Caminhei fatal até o D.J., mandei que voltasse o som e o funk ressoou: “Livre, solteira e desempedida. Não importa o que falem, eu só quero curtir a vida...” E foi nesse som que me acabei. Quando me lembrei do idiota, olhei e o vi desesperado sendo carregado pelos seguranças. Voltei a dançar, e foi desse jeito a noite toda. E fui feliz para sempre”

Leram? Bom.

Esse é um relato verídico de uma ex-princesa liberta de seu complexo de Cinderela. E quanto a vocês, meninas? Continuarão esperando o amado?

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- Hoje estou casada com Cláudio, meu amigo, amante, namorado, marido. De príncipe, ele não tem nada. Às vezes apronta comigo. Estamos juntos e já vivemos tanta coisa... Também apronto com ele, queimo roupas no ferro, gasto muito, mas é sem querer, querendo. Sobretudo, nos amamos e somos companhia um do outro. E ele, eu que lacei. Quando o vi desde a primeira vez, disse para mim: este aí é meu!

Amiga, vai e escolhe um para você. E se quiser, faça dele teu príncipe, escravo, amigo, corpinho, o que combinarem. Mas vai, escolhe você. Escolha a pessoa que quer, não espere por nada não. Agora tenho que ir, vou buscar as crianças na casa da mãe dele...

Beijos.

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