domingo, 25 de outubro de 2009

O blog mágico

Quando eu descobri que meu blog era mágico, saí correndo e vim escrever. Sim, porque tudo que eu escrevo como sendo uma verdade, desejando que seja realidade, se torna. Então pensei, vou escrever tudo que desejo no meu blog, assim, com a magia tudo será realizado. Então vamos lá, é 1, é 2, é 3!
Quando eu crescer quero ser linda, cabelos longos cacheados hidratados e fortes, quero lábios em formato de coração e rosados, cintura fina e com o corpo igual das minha boneca barbie sem o machucado no joelho que eu fiz na boneca. Quero ter muitas roupas bonitas, e rosa será minha cor preferida, junto com o verde e o azul. Quero sempre estar maquiada, com bolsas pequenas, grandes e coloridas, com muuuuuuuuuuitiiiiiiiiiiiiiiiissimos sápatos, altos e coloridos também. Quero trabalhar e ser muito inteligente com unhas grandes e pintadas. Quero ter solução para todo e qualquer problema e quero ter folga sempre que eu quiser, durante a semana. Quero que todas as mulheres da minha empresa tenham liberdade de ser mulheres, lindas, inteligentes e amadas. Quero que todos os homens sejam vaidosos, com ombros largos, que praticam esportes e amam as esposas (as deles, não as dos outros!). Quero que os filhos dos meus funcionários tenham o direito de ir ao trabalho de seus pais sempre, e que tenha creche e babás à disposição. Quero que meus funcionários trabalhem felizes, e que trabalhem 1/4 a menos que nas empresas dos meus concorrentes. Quero morar numa apartamento na Lagoa com piscina pois ele será o lá de cimão. E quero ter um marido e não quero precisar ou ter amante. Quero ter filhos em algum momentos e quero crianças atazanadas assim como eu sou: que me deixem louca assim como eu deixava a minha mãe, se eu não tenho que pagar por isso ser algo ruim, quero me divertir com eles sendo tão parecidos comigo. Quero que minha mãe e meu pai fiquem vivos para ver tudo isso, assim como ver a minha irmã usando piruca branca e batendo o martelo igual quando brincamos e colocamos toalha para fingir que é cabelo, mas com ela já sendo grande também. Quero manter os meus amigos, mesmo tendo muito dinheiro. Quero ver sempre as minhas amigas de escola. Quero que meu marido seja muito inteligente, e seja paciente comigo e me aceito do jeito maluquinho que tenho certeza que vou manter. Quero que ele seja igual Seia dos Cavaleiros do Zodiaco, corajoso, seguro, determinado a defender a deusa Atena, eu. Quero que ele trabalhe e seja feliz no que faz, além de bem sucedido é claro. Quero viajar de férias para ilhas, quero ver a neve, quero fazer esporte radical - quero pular de paraqueda, subir uma pedra, e pular de bump jump, e sobreviver a tudo isso. Quero ser uma grande mulher, sábia, linda e culta. Quero cativar a admiração de meus funcionários, amigos, marido e filhos. Quero lembrar da data de aniversário dos meus amigos, e lembrar de comprar o presente de casamento deles, assim como não esquecer o dia do casamento - deles e do meu. Quero andar de cavalo, ser mestre de yoga e a deusa do sexo tântrico. Quero fazer dança do ventre e ter um queijo no meu quarto para dançar para o meu esposo sempre que ele merecer. Quero a paz mundial. Quero o fim da guerra do tráfico. Quero ser passista em pelo menos um carnaval. Quero ter netos, quero envelher bem, com joelhos fortes e a libido lá em cima, assim como quero que meu marido me acompanhe. Não quero me divorciar. Quero amar, ser amada, ser amiga, leal e companheira e receber isso em troca. Quero ser para sempre amiga da minha irmã, quero amar a família dela como sendo minha, porque é. Quero não amar o dinheiro, não quero amar o poder, e não quero jamais acreditar que já consegui tudo que a vida pode oferecer. Quero ter compaixão. Quero ajudar meu próximo. Quero ajudar a melhorar o mundo. Quero a justiça, a paz e o amor. Quero viver a vida com vida até a morte. Quero morrer um dia. Quero poder ser a melhor anfitriã da morte e recepcioná com um: seja bem vinda. Quero abençoar os meus antes de partir e quero crescer, me tornar mulher, um mulherão, mas ser assim, uma criança de coração, até morrer.


Mergulho

Ana Letícia pegou o diário da irmã de seu namorado. Começou a folhear e parou para ler o que observou com o título - Minha casa, minha vida - que dizia:
Minha casa é o meu coração
E confesso que não é o lugar mais arrumado que já vi
Tem tantos lugares difíceis de acessar, recantos e comôdos intocados
Há alguns sentimentos presos, com o sangue pisado. Entretanto há muita alegria solta e algo de plenitude e paz
Escondo nele o amor, e não deixo sair. A paixão que às vezes vem não raro fica prisioneira, e para sair causa uma grande explosão com estilhaços para todos os lados
Meu coração é muito novo, e imaturo, ficou muito tempo medindo os seus compassos
Atualmente está machucado, com uma cicatriz endurida, mas a quase se fechar de vez. Contudo carrega consigo além de alegria, muita esperança e fé enxarcadas em baldes de coragem.
Não teme o futuro, atualmente prefere se entregar de braços abertos passando por sobre os receios, com muita inteligência e astúcia.
Meu coração é o meu lar
É aqui que eu moro
Eu moro nele, e ele mora em mim.
Ana Letícia parou a leitura no meio, uma vez que percebeu tamanha intromissão e mais ainda porque sentiu grande inquietação. Aquela leitura causou uma sensação desconfortável. Texto estranho, não é profundo, não é bonito, mas mexeu com algo em mim, ela pensou.
Ana acabou tendo contato com a confusão de seu coração, com seus recôndidos protegidos, com suas emoções secretas, suas mágoas retidas, perdões não liberados, inveja e ressentimentos guardados, amor desprezado. Ela acabou embarcando sem previsão numa viagem para dentro de si. Viagem onde pôde reencontrar amores desperdiçados, corações despedaçados por seu medo de se entregar. Ela encontrou a culpa, o peso de ter feito pessoas sofrer, e lamentou pois ela mesma sofreu quando foi sua vez de querer amar alguém e a pessoa não estava aberta para o amor. Foi ao abismo profundo de seu coração onde tinha ciúme e inveja de sua irmã, a culpa sobre sua mãe e a paixão não correspondida por seu pai. Naquele abismo onde estava seu ódio e ressentimento por si mesmo, por ser como era - se achava feia, não se sentia pertencente, não se sentia amada e consequentemente não tinha aprendido amar. Mas foi ali na profundeza daquele mesmo abismo que surgiu a possibilidade de sua purgação. Dali, do seu coração, no abismo, lugar que lhe era angustiante, lhe saiu a cura, o perdão e a liberdade. Do mergulho em seu próprio desespero, no encontro profundo com seu desamparo, encontrou acolhemento, ressurgiu para a Vida e descobriu o Amor.

domingo, 18 de outubro de 2009

**Descomplexando a Cinderela**

Quem conhece a carta que escrevi há pelo menos dois anos atrás, enquanto esperava meu amado príncipe? Para quem não conhece, segue a transcrição abaixo.

“*A espera do Amado*

“Antes de você chegar era tudo saudade...” (Tony Garrido)

“Onde andará o meu amor?” (Maria Bethânia)

Aguardo-te, e por isso quero me guardar. Sei que chegarás, meu amor, meu irmão, tu chegarás.
Não sei quem tu és, que cor de pele tens. Sei que já te amo de paixão, és o meu único bem.

E te amo com tudo que tenho. E te amo com tudo que sou.
Meu ser desde sempre clama pelos afagos do seu calor.

Não sei de onde virá. Ou onde irá aparecer. Entretanto, meu coração a todo instante pressente você.

Em cada gesto do meu corpo, em cada pensamento que há em mim, desejo a cada segundo ter você inteiramente para mim.

E eu também serei só sua, de corpo e alma, em plena nudez. E quero com você partilhar a vida, o prazer e amor que o Criador de presente nos fez.

O tempo de espera poderá ser breve, ou uma eternidade sem fim. Contudo não se compara a imensidão de amor que tu também já tens por mim.

E tamanho amor não há tempo que possa abater. Ou distância que possa superar. Um amor que nasceu da perfeição eterna a morte não pode amedrontar.

Ainda assim apelo-te: não demores na saída, embora nunca tua chegada venha a ser em vão. Estarei te aguardando, descansarei sobre teu peito, sentido-te sob as minhas mãos.

Não me prometas nem céu, nem terra ou mar. Promessas não me são precisas, pois sei que você é tudo que eu possa desejar.

Minhas palavras são adocicadas pela pureza do mel do nosso amor, que só aumenta e não precisa de mais nada, que é perfeito como a flor.

Permaneço aqui, fiel, até o dia em que chegarás, revestido de formosura e beleza para a minha vida libertar.

Estou presa na Torre de Mármore, mármore da liberdade sem fim. Sou prisioneira da leviandade, meu algoz é o prazer, todo prazer que há por aqui.

Somente algo nesse mundo poderá me libertar: o amor idealizado do meu sonho de criança do príncipe encantado de amor que chega para mim, para sempre sempre sempre ... sempre me amar e jamais deixar.”

Leram?

A história continua...

“*O desespero do amado.*

Estava cansada de esperar, na Torre de Marfim, o tal do amado. Já estava aborrecida, pra não dizer puta da vida, com esse idiota inconseqüente.

Esperei, esperei, esperei. Não veio?

Parti pra o ataque. E parti bonito!

A primeira coisa que fiz foi tirar aquele vestido cafonérrimo que cheirava à naftalina. Depois joguei um jeans que acentuou meu quadril, um corpete com enchimento e um scarpin ponta de agulha, nº 10, vermelho. Por fim, tratei de cortar aquela trança pesada, tonalizei os fios e fui pra pista. Foi aquela festa!

Eu solitária na torre daquele castelo frio, tava perdendo a maior balada no povoado. Vuco-vuco pra todo lado!

As pessoas sequer me reconheciam trajada à la modernidad. Deixei de ser princesa, me tornei P... Periguete! E fiz sucesso...

Quando encontrei um corpinho no esquema, me fiz. Adorei. Não fazíamos declarações de amor, nem falávamos difícil, na verdade, ele era um tanto monossilábico: “E aí?” “Já é?” “Mó filé!” “Ta afim?”. Planos para o futuro!? Curtimos um lance muito quente... E isso foi tudo. Ele me excluiu do orkut, eu o bloqueei no msn, fim. O tal lance, já era...!

Continuei no pique, estava daquele jeito. (E eu esperando por anos o retardado príncipe para nos casarmos... Descobri: ser solteira é muito bom!)

E quando periguete na noitada eu estava, quicando no calcanhar, fervendo no caldeirão do Salgueiro... Adivinhem quem surge do nada? Feio, cafona e alienado?? O meu ex-amado! Anos atrasado, não satisfeito, parou a festa por causa daquele pangaré velho e sujo. Desmontou do bicho, e pior, acenou para mim, ajoelhou e estendeu um anel que brilhava mais que as luzes do lugar.

Preciso dizer que ignorei? Não, né. Aff... Ignorei. Caminhei fatal até o D.J., mandei que voltasse o som e o funk ressoou: “Livre, solteira e desempedida. Não importa o que falem, eu só quero curtir a vida...” E foi nesse som que me acabei. Quando me lembrei do idiota, olhei e o vi desesperado sendo carregado pelos seguranças. Voltei a dançar, e foi desse jeito a noite toda. E fui feliz para sempre”

Leram? Bom.

Esse é um relato verídico de uma ex-princesa liberta de seu complexo de Cinderela. E quanto a vocês, meninas? Continuarão esperando o amado?

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- Hoje estou casada com Cláudio, meu amigo, amante, namorado, marido. De príncipe, ele não tem nada. Às vezes apronta comigo. Estamos juntos e já vivemos tanta coisa... Também apronto com ele, queimo roupas no ferro, gasto muito, mas é sem querer, querendo. Sobretudo, nos amamos e somos companhia um do outro. E ele, eu que lacei. Quando o vi desde a primeira vez, disse para mim: este aí é meu!

Amiga, vai e escolhe um para você. E se quiser, faça dele teu príncipe, escravo, amigo, corpinho, o que combinarem. Mas vai, escolhe você. Escolha a pessoa que quer, não espere por nada não. Agora tenho que ir, vou buscar as crianças na casa da mãe dele...

Beijos.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Faber-castell


Ela se disfarçou de homem para prosseguir. Escondeu seus cabelos, vestiu a armadura e foi para arena lutar. Não conhecia a força dos seus oponentes, e sabia que sua força não era a maior. Mas sabia que iria lutar, mais que isso, sabia que iria vencer.

Uma dama jamais deveria se colocar numa arena, com armas e armadura sobre um cavalo de crina reluzente para defender seu futuro reino e garantir seu reinando. Mas ela era a única que defenderia seus desejos, sonhos e ideais.

Era ela quem realizaria seu próprio destino, pois ela mesma já o tinha traçado. Nada, nem ninguém se colocariam como obstáculo entre ela e todos os seus desejos e sonhos. Por mais que o medo, a insegurança e a tristeza, a decepção e o assombro viessem sorrateiramente tentar minar suas forças e desvirtuá-la de seus propósitos, ela não sucumbiria.

Ao entrar no pátio o sol reluziu sobre suas vestes e ela brilhou como o próprio sol. A crina de seu cavalo reluziu tão vermelho que a armadura ficou como incandescente – quente, viva, imortal. O animal, que sentiu a energia, a força e vibração tamanhas, se inclinou ao alto. Ela confiante segurou-se firme e sorriu. Ali, naquele instante, já sentia o sabor da sua vitória.