sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Percorri uma estrada longa até chegar na cidade. Não sentia mais meus pés, o chão quente os tinha consumido. Não sabia quem procurar, mas precisava encontrá-la. Aquela mulher teria as respostas das quais precisava para continuar a viver, na verdade, começar. Minha vida tinha sido um concatenamento de fatos esparsos e eu já não suportava mais percorrer em círculos. Precisava encontrar as respostas que iluminassem meu passado e me dessem força para realizar o meu futuro começando no presente. Aquela mulher que há muito tempo não via, ela tinha as respostas. Mas antes precisava encontrá-la na cidade, aquela cidade pequena de interior não me inspirava nada mais que a nostalgia por uma vida que nunca tive ali. Não sabia porque minha vida tinha tomado o rumo que tomou.

Encontros e desencontros

Agora entendi que foi inútil. Toda a fuga foi inútil. Há experiências pelas quais não conseguimos escapar. Os desencontros dos afetos nos pegam de surpresa. Nos surpreendem, nos chocam. Nos lançam contra a parede com ímpeto e fúria. E sem força apenas permitimos que nosso ser se desintegre com a incômoda dor. Nessas horas ser forte não importa, então se desiste da fortaleza. É só se deixar levar, como num mar revolto, pelas ondas, rezando no íntimo que essa mesma onda que te leva e tripudia com seu corpo, o traga de volta em paz para a areia.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Convocação

Convoco à minha sala a Dor, a Tristeza e a Solidão.
Senhoras, com devido respeito a pessoa de vocês. E também com temida admiração à força com a qual se apropriam das situações e pessoas, tenho  um convite a fazê-las.
Sei que minha Companhia tem servido às senhoras nos últimos anos. E foi até valoroso sob alguns tímidos pontos de vista a atuação das três senhoras nesse empreendimento. No entanto, como sabem, os tempos mudam, as demandas mudam.
O Mercado age, e quem somos nós? Sim, as necessidades de nossos clientes se alteram ao longo do tempo. Estamos atentos.
Pretendo ser direto, mas de modo algum grosseiro, nesse novo nicho não há mais lugar para as senhoras, Dor, Tristeza e Solidão. Atualmente a demanda por Alegria, Prazer e Relacionamentos tem aumentado. O mercado está muito aquecido.
Obrigada pela estadia de vocês. Porque na ausência de todo o mais, vocês estiveram aqui labutando comigo. Contudo, um novo tempo chegou.
Agradeço de coração os serviços pretados. Abracei as três como a filhas, como a irmãs. E torço que o destino de vocês seja dos melhores, onde precisarem de vocês.
Há ainda muitas empresas e companhias que cultivam Dores, Tristeza e se atêm à Solidão. Vocês não perderão espaço  no mundo desses negócios.
Entretanto aqui o tempo das senhoras findou.
Obrigada por tudo.
Despeço-me sem volta.

Adeus.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

"Aprendi a ser tão forte, que hoje já não tenho mais força. Passei tanto tempo sozinha. Cresci acompanhada da TV e dos livros. Construí muralhas para me proteger. AS muralhas estão densas, altas. Quase intransponíveis. Por pouco me perco num labirinto. Sem saber como chegar, sem saber onde chegar."

"Não quero mais ter que me proteger tanto. É tanta força canalizada para isso que às vezes sinto-me exaurida."


"As borboletas voam, elas não se protegem. Se se protegessem muito, elas não voariam."

"Tento oferecer ao mundo a proteção que quando precisei não tive. Ingenuidade minha, pois ainda preciso. Não somente proteção de mim mesma. Mas proteção do mundo."

"Seria legal estar com alguém que eu não tivesse preocupação de proteger. Alguém de quem eu não precise me proteger."

"Passei muito tempo entre as muralhas, sendo meu pior inimigo, que não faço idéia dos perigos que residem lá fora."

"Agora que não luto mais comigo mesma. Agora que não preciso mais brigar incessantemente no meu interior, posso olhar o mundo. Enxergar o que há fora de mim."

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Não quero mais brincar de amor... Amor malvado, bobo... =P! Tchau.
Estou apaixonada. Não sei o final desse história. Mas isso me faz feliz demais. Muito bem, me faz bem.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Aprendi tão bem a fugir

a esconder

a mascarar


Que minhas emoções estão 

naufragadas em mim

Não consigo enxergá-las

Estão anuviadas

Não consigo me ouvir

 

Insisto em fugir

Não sentir

Não enxergar

Não lidar

Não falar

Expressar

 

Estou sempre a silenciar

Não raro a me omitir

Querido Deus

Mãe Natureza

Trabalha em mim

Permita-me fazer-me sentir

Ouvir

Falar
 

Me fazer notar

Assim de verdade ser

E poder amar

E viver para além, algo além

de Sonhar-divagar

quarta-feira, 17 de outubro de 2012


Acordei um dia e decidi escrever uma nova página no meu velho diário largado num canto do quarto. Aquele diário mágico que transforma em realidade tudo de bom que nele escrevo. Escrevi numa página amarela e ressequida:

 

O amor bateu em minha porta e eu abri

Senhoras e senhores venham comigo celebrar

Senhoras e senhores vejam como é bom amar

Senhoras e senhores sentados vamos cantar

E sempre permitamos a vida pulsar

 

Sim ele bateu na porta, e sem medo abri. Convidei para entrar e cear. Ceou, gostou, ficou. Domei o amor. Ele intensamente me tocou. Ficar para sempre se prontificou. E ali, no meu lar, o sagrado se instaurou. Fui feliz, sou feliz, eu, ele e o amigo-amor.

Novo round

Mais uma vez ela me confrontou. Desafiou. Demonstrou seu poder.
A paixão mais uma vez ronda minnha vida. E me faz refém de si, uma presa, uma simples caça...
Tento, como sempre, fugir. Debato-me furiosa enebriada de amor e paixão. Ódio de perder mais uma vez.
Perder a razão, a noção, o poder. Me perder nos braços do infinito e me encontrar num outro olhar. Ganhar fôlego de vida, ao ser afixiada pelo prazer. E me perder, e me perdendo, ganhar....