Sentei com minha amiga num restaurante de frutos do mar. Sentei-me e pedi aqueles croquetinhos de camarão com catupiry e a taça de vinho português. Começamos a conversar. Lembranças me vieram. Monopolizei o diálogo. Lembrei-na e lembrei-me do quanto fui danada. Sim, uma grande menina levada que fui e, não raro, sou. Lembrei que gostava de apertar o bumbum dos garçons, lembrei que numa situação perdi a aposta e ganhei R$45: tive que dançar sobre a mesa de um quiosque. Lembrei que num Reveillon fui a única das amigas que quis brincar de salada mista com apenas dois meninos, beijei os dois. Lembrei que me apaixonei pelos meninos mais inteligentes e rebeldes da faculdade. Sim, lembrei que naquela época não acreditava em amor. Percebi que não mudei lá grandes coisas. Lembrei que tinha medo de me tornar o que hoje sou: mulher, independente e solteira. Chorei. Chorei, pois foi a escolha que fiz. Não se pode ter tudo. Eu escolhi por mim e fiz o que a razão ordenou. Desprezei minha emoção. Sorri logo em seguida, pois amei e fui amada diversas vezes. E era assim como minha amiga casada - feliz, plena e realizada. Quis abraçar o mundo, não consegui. Apertei-lhe as mãos. Embreagada de lembranças, peguei o táxi. Fui para casa. Dormi nos braços de Cláudio, eterno meu amor.
Tijuca, RJ
Restaurante Umas e Ostras - 17/12/2023.
Um comentário:
Errou nas previsões gatinha. Dez anos antes já acredito em amor! Quem diria, hein. Obrigada Deus! Minha fé voltou tbm... acredito, acredito, acredito!
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