Ouvindo música, bem suave, ela respirava. Ouvia a música e esperava que assim a tensão sairia de seu corpo. Estava tensa, com medo. Suas emoções como sempre borbulhavam nela. Vivia com muita intensidade cada minuto de sua existência. Cada situação que a circundava. Essa intensidade já a cansava. Não havia porque tanta força. Nem precisaria fazer força para respirar.
Ela queria realmente aprender a se desapegar. A permitir simplesmente o fluir do oxigênio para dentro de si. Sem sentir medo, sem se sentir invadida. Não queria se proteger, nem mais se assustar. Conforme ouvia a música ela se acalmava. Respirava, evitava pensar, evitava tentar ser. Ser, simplesmente. Sem tentar ser nem isso ou aquilo. Nem boa ou má. Queria se descobrir ela própria meio que por intuição, e não por tentativa. Queria se encontrar nua diante de si, diante de outros e de todos. Queria abrir mão dos medos e receios. Queria abrir mão das máscaras. Queria deixar de desejar qualquer coisa também.
Naquele momento permitia se acalmar, permitia-se estar. Sem euforia, sem mágica, medo, dor ou magia. Ela simplesmente ela.
As emoções doíam-lhe o corpo. As emoções eram fortes. Já não queria lutar ou esconder. Então convidou o medo, a tensão, a ansiedade para sentarem-se ao lado dela. Olhou-nos no fundo dos olhos. E sorriu. Fez amizade. Acariciou. Abraçou. Acolheu. O que viu na sua frente? O sorriso de volta, tímido, mas com brilho no olhar. As emoções estavam felizes. Tinham sido vistas, tinham sido notadas, e aceitas e amadas. As emoções podiam ser livres, e agora se quisessem até podiam ir embora. Mas simplesmente porque ela aceitou o que sentia.
Convidou o silêncio, se pôs a ouvi-lo. Com atenção. Respirou sem tensão.
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