Minha blusa branca linda que eu amo e adoro não voltou da lavadeira.
Ela levou minhas roupas e ao entregar veio faltando minha blusa.
Fiquei fula da vida. (eufemismo em homenagem ao meu ex-peguete que não suporta palavrão. é, eu sei, mais um viadinho para minha coleção.) Mas voltando ao fula da vida... Liguei para ela às vinte e três horas da noite para saber da tal blusa, pois afinal desejava trabalhar com ela no dia seguinte... (isso é mentira, foi um pre-mal-texto. todavia duvido que tenha notado.) Ela disse que essa blusa ficou lá (com ela). Perguntei pelo alvejante especial para roupas - aquele que não deixa o branco amarelado. Ela simplesmente disse que tinha devolvido. Eu disse, não. Você devolveu o sabão em pó líquido para roupas delicadas. Aí, de repente, ela lembrou que realmente não tinha devolvido. Uuuuurrrhhhhh que raiva!
Bom, minhas roupas brancas ficam amareladas. Por isso comprei o tal alvejante seguro, para que a sujeita não usasse "croro" nas minhas roupas. Talvez o alvejante sem cloro seja de uso comunitário lá para as bandas dela. Minha roupa, sua roupa, roupa dela. Se ela ainda tivesse intimidade comigo, se lavasse minhas calcinhas, supertaria tal atrevimento. (Esse é meu sonho de consumo: ter uma secretária, empregada, governanta, tia, amiga, marido... chame do que quiser! que lave minhas calcinhas para mim. Outra alternativa seriam calcinhas descartáveis very cheap...)
E porque o título desse desabafo "momento dona-de-casa" tem no título Clarice? É pq não raro ela escrevia sobre essa espécie de trabalhadores, essa linhagem, esses seres vindos do além, às vezes, do céu, mais freqüente do inferno. E por que escrevia?? Porque não há coisinha mais dificil de se encontrar de qualidade... Tenho que começar a mentalizar minha governanta/ meu mordomo desde já. Ainda não tenho numerário que comporte a mim e a ela/ele. Mas já tenho que implorar clemência e benevolência aos céus por um ser abençoado, que lave, passe, organize, lave minhas calcinhas e ainda me dê chá quando estiver gripada.
Confesso que minha projeção profissional, meu impulso e minha motivação para o sucesso são em função dessa pessoa, seja quem for. Trabalho e me empenho por mim e por este ser vindo dos céus para mim (creio, faço prece, oferenda, missa em atenção, penso positivo q assim será).
Quero produzir muito dinheiro (não necessariamente trabalhar muito, assim...) para poder ter o prazer de ter alguém como descrevi acima. Mas que use alvejante seguro nas minhas roupas brancas, que não as deixe amarelada e que não gaste todo impulso telefônico)... e o principal, não conte para meu namorado que o personal trainner dá três dele, é solteiro e vive me convidando para um chopp!
Então, Clarice, nossas similaridades não estão apenas na escrita (eu juro que não te copio!) mas até em parte na biografia! Aff... Desculpe-me mas vou escolher uma nova autora predileta. Bom... uma mais simpática, que tenha tido um moreno alto que levavaa café-da-manhã na cama e que não se importava de dormir no outro quarto, que não tenha tido filhos e que não tenha casado com diplomata.
Sei que sua biografia foi importante para o que você foi e para aquilo que produziu, e sabemos que admiro ambos. Mas chega né. Admiração é uma coisa, outra coisa é ficar levando as historinhas tuas para casa...
...Acabei de advinhar, Clarice, nosso amor acabou. Depois de tudo que vivemos juntas, vejo que é hora de seguir meu caminho. O que tinha para tirar de ti, já é meu. O que não tirei, não me tem valor. Obrigada, vou procurar um novo amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário