sábado, 17 de maio de 2008

O último alface da feira

Muitos vinham e iam
Olhavam e escolhiam
Levavam um
Outro
Mais um
Vários

Ele ali ansioso
Sorria
Queria ser notado
Queria ser levado também

Mas era rejeitado
Deixado
Preterido

Não era desajeitado
Era formoso na verdade
Não sabia por que não o queriam

Iam e vinham
Mas não detiam a atenção
nele

Uma salada
era o que ele queria se tornar
Temperado com bom azeite
E sal refinado

Mas dali não o tiravam
Faltavam pouco
Apenas três
Agora dois
Apenas ele

Ali teve o momento
de maior sofrimento de sua vida
Se deparou com a tristeza
em profunda solidão

Fechou os olhos
e Chorou de soluçar
Adormeceu
Profundamente
Por tempo não determinado

Quando acordou
não via mais a lona azul da feira
Vislumbrava um teto com lustres brilhantes
Quando sentiu um perfume delicioso
e viu uma chuva dourada cair sobre ele

Percebeu que estava sendo banhado
no melhor azeite português que já ouviu falar
e havia um polvilhado de sal em suas folhas
Com isso começou a minar água
Suas lágrimas de alegria

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