Eles viram a mulher que havia nela.
Eles viram e era isso o que ela mais temia.
Não queria ter sido descoberta selvagem, sob
a luz de seu olhar de menina.
Mas sua mulher estava ali e era ela própria.
Isso ela não queria. Sequer admitia, e sofria
tentando ser menina quando a vida e o destino
já a tinham feito mulher.
E isso seus amantes perceberam
A isso chamaram hipocrisia, cinismo, cachorrice, piranhagem.
Não pela performance de volúpia ardente de prazer.
Mas porque não consentia ser a mulher que nela havia.
Por isso deles ela se afastara. Não queria ser mulher,
queria ser menina que às vezes brinca de ser mulher.
Mas não conseguia brincar direito, pois
não podia fingir ser aqueilo que já era.
Então, ela teve que enxergar e aceitar a mulher
na qual havia se transformado.
Deixou de lado a boneca, o vestido bordado do seu batizado e as lembranças que a mantinham presa àquela doce fantasia, que transformara sua vida em ilusão.
E passou a viver na realidade com a doçura da crescida menina e a bravura da selvagem mulher.
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