quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Simplesmente ele

Ele era menina por dentro
Por fora forte, imponente
Por dentro sensível e gentil

Ele era o que era e assumiu
Não que fosse homossexual,
tinha uma alma delicada

Ele sabia apreciá-la
Em toda sua beleza e força
Sabia tocá-la, já havia lhe
tocado a alma

Ele não tinha do que se envergonhar
Sabia que era assim, especial
Sabia ser e não havia preocupações

Era responsável por si
e dono de seus próprios sentimentos
Era companheiro e amigo e assumia
seus erros e suas vontades

Ele não era menina por dentro
Ele era ele simplesmente

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Criança

Se é criança quando se é espontâneo.

Onde verdade e mentira são frutos da imaginação.

É quando a realidade é concreta mas nada preocupante.

Se é criança quando se entra no Reino de Deus saltando nas nuves.

É quando há inocência no olhar, crença no coração e esperança diante da vida.

É quando o amor é puro e desinteressando, e o bem estar do outro é o seu próprio bem.

É quando se encontra um amigo especial e não quer abrir mão de estar ao lado dele.

Ser criança é assistir a "O Rei Leão" e chorar. É ver "Chaves" e sorrir. É assistir o telejornal e ficar entediado.

É querer comprar um novo jogo e quando passar da final deixá-lo de lado. É usar uma roupa nova e depois de duas vezes descobrir que é ridícula e nunca mais usar.

Ser criança é sentir vontade de correr para o colo da mãe na hora da angústia e sair correndo de lá quando se faz algo errado.

É brigar com a irmã mais velha. Depois sentir remorço porque sabe que sente alguma coisa muito forte e estranha por ela: amor.

Ser criança é beber dois copos de refrigente e não almoçar e comer o Trakinas que estava na dispensa para o dia da escola.

Ser criança é não entender que a raiva do adulto não é pela janela quebrada pela sua bola, mas porque queria ser ele quebrando a janela de alguém.

Ser criança é sentir o que está no coração e não se esforçar tanto para entender. É se deixar simplesmente sentir, viver e amar.

É chorar na frente de quem você gosta e não se envergonhar por isso.

É não dizer que gosta, por vergonha e medo de ser rejeitado.

É dizer que gosta, sem vergonha ou medo de rejeição.

É ter medo do primeiro dia da escola, desejando que a mamãe estivesse lá.

Ser criança é assumir que cresceu, que o tempo está passando e que vai envelhecer depois dos 100 anos. Agora não.

Ser criança é não ter ruga no rosto ou ter, mas olhar a vida com surpresa.

É perguntar se Deus existe e se existe... quem criou Deus?

É colar meleca na cadeira, guardar chiclete na geladeira e limpar o catarro que está escorrendo do nariz na manga ou gola da blusa. Mas antes ver se há alguém olhando!

É namorar seu amigo, ou ser amigo do seu namorado e arrotar com ele, implicar com ele e encostar a cabeça no ombro dele para descançar.

É zoar seus amigos, cair de bicicleta, fazer xixi na cama e ter um bichinho de estimação.

É ser chato para todos e com todos, mas só você não perceber isso.

É usar as coisas de seus irmãos, sujar, quebrar ou perder e negar isso para sempre!

É pegar o diário da sua irmã, ler e contar para sua mãe. É xingar as amigas dela porque está com ciúmes.

É ser rebelde sem motivo, fazer besteira se arrepender e fazer a coisa certa e ainda assim dar errado.

Ser criança é ser amada incondicionalmente pela sua mãe, pelo seu pai e pela sua irmã. É ter sempre alguém para te proteger e dar razão. É poder ser a vítima da briga com os irmãos mais velhos.

Ser criança é ser rebelar quando descobre que esse tempo passou!

E deixar de ser rebelde quando percebe que a rebeldia não te leva a lugar algum.

É acordar, tomar café-da-manhã, assistir TV Globinho. Almoçar na hora do X-man e dormir a tarde. Levantar não lavar a louça, jogar algum jogo sentado no sofá sem pensar no amanhã.

Ser criança é saber que você será criança para sempre. Mesmo se deixar de gostar de desenho, de jogar videogame e passar a lavar a louça pensando em que roupa usar amanhã para ir trabalhar.

Se é criança quando somos nós mesmos apesar de.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

A Bicicleta

A bicicleta era verde. O seu quadro era verde e forte.
Possuía uma garupa que erade cor difrente. Cromada, cor prata.
Tinha marchas. Suas rodas eram largas e robustas. O aro firme, mas fosco na cor. Seu assento não estava visível. Tinha musculatura glútea sobre ele.
Elas deslisava sobre o asfalto com determinação. Sabia aonde ia. E parece ter nascido sabendo seu destino.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A mulher que havia nela

Eles viram a mulher que havia nela.
Eles viram e era isso o que ela mais temia.
Não queria ter sido descoberta selvagem, sob
a luz de seu olhar de menina.

Mas sua mulher estava ali e era ela própria.
Isso ela não queria. Sequer admitia, e sofria
tentando ser menina quando a vida e o destino
já a tinham feito mulher.

E isso seus amantes perceberam
A isso chamaram hipocrisia, cinismo, cachorrice, piranhagem.
Não pela performance de volúpia ardente de prazer.
Mas porque não consentia ser a mulher que nela havia.

Por isso deles ela se afastara. Não queria ser mulher,
queria ser menina que às vezes brinca de ser mulher.
Mas não conseguia brincar direito, pois
não podia fingir ser aqueilo que já era.

Então, ela teve que enxergar e aceitar a mulher
na qual havia se transformado.
Deixou de lado a boneca, o vestido bordado do seu batizado e as lembranças que a mantinham presa àquela doce fantasia, que transformara sua vida em ilusão.

E passou a viver na realidade com a doçura da crescida menina e a bravura da selvagem mulher.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

“ANTES DE VOCÊ CHEGAR ERA TUDO SAUDADE...”
(Tony Garrido)

“ONDE ANDARÁ O MEU AMOR?” (Maria Bethânia)

A espera do Amado

Aguardo-te, e por isso quero me guardar. Sei que chegarás, meu amor, meu irmão, tu chegarás.
Não sei quem tu és, que cor de pele tens. Sei que já te amo de paixão, és o meu único bem.

E te amo com tudo que tenho. E te amo com tudo que sou.
Meu ser desde sempre clama pelos afagos do seu calor.

Não sei de onde virá. Ou onde irá aparecer. Entretanto, meu coração a todo instante pressente você.

Em cada gesto do meu corpo, em cada pensamento que há em mim, desejo a cada segundo ter você inteiramente para mim.

E eu também serei só sua, de corpo e alma, em plena nudez. E quero com você partilhar a vida, o prazer e amor que o Criador de presente nos fez.

O tempo de espera poderá ser breve, ou uma eternidade sem fim. Contudo não se compara a imensidão de amor que tu também já tens por mim.

E tamanho amor não há tempo que possa abater. Ou distância que possa superar. Um amor que nasceu da perfeição eterna a morte não pode amedrontar.

Ainda assim apelo-te: não demores na saída, embora nunca tua chegada venha a ser em vão. Estarei te aguardando, descansarei sobre teu peito, sentido-te sob as minhas mãos.

Não me prometas nem céu, nem terra ou mar. Promessas não me são precisas, pois sei que você é tudo que eu possa desejar.

Minhas palavras são adocicadas pela pureza do mel do nosso amor, que só aumenta e não precisa de mais nada, que é perfeito como a flor.

Permaneço aqui, fiel, até o dia em que chegarás, revestido de formosura e beleza para a minha vida libertar.

Estou presa na Torre de Mármore, mármore da liberdade sem fim. Sou prisioneira da leviandade, meu algoz é o prazer, todo prazer que há por aqui.

Somente algo nesse mundo poderá me libertar: o amor idealizado do meu sonho de criança do príncipe encantado de amor que chega para mim, para sempre sempre sempre ... sempre me amar e jamais deixar.

Karla Rodrigues Gregório
01/02/2008.